quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Informativo Rádio pela Infância: Cultura e identidade para a igualdade étnico-racial

Ei, você, já parou para pensar que nosso município é formado por uma grande mistura de traços físicos, raças, culturas e etnias? Essa é uma característica do brasileiro, que tem origem indígena, africana, europeia e asiática. Os índios são os primeiros habitantes do nosso país. Depois vieram os europeus, os africanos, trazidos como escravos, e os asiáticos.

Todas as crianças e adolescentes têm o direito de conhecer a parte da história e a cultura dos povos indígenas e africanos, mas até bem pouco tempo, o currículo escolar priorizava a história e cultura europeias. Foi por isso que a lei 10.639 foi criada. Em 2003, ela alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -LBD e declarou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana em todos os sistemas e modalidades de ensino. Em 2008, a LDB sofreu outra mudança: a lei 11.645 obrigou o ensino da história e da cultura indígena em todas as escolas do país.

Esse é um dos temas do UNICEF para os municípios inscritos no Selo UNICEF Município Aprovado. A ideia é fortalecer a política de educação para a igualdade étnico-racial e promover ações que estimulem crianças e adolescentes a reconhecer, valorizar e preservar as culturas afro-brasileiras, africana e indígena. Para apoiar essas ações, o UNICEF lançou o guia de orientação Cultura e Identidade: Comunicação para a Igualdade Étnico-Racial, que pode ser consultado no site http://www.unicef.org.br/.

Não podemos esquecer que os negros e índios foram os maiores responsáveis pela construção do nosso país. Durante muito tempo, no entanto, as crianças e adolescentes só aprendiam a história europeia nas escolas. Para valorizar a cultura africana e indígena, a importância e beleza dessas raças, a escola precisa incluir a história desses povos no currículo.

Então, professor, descubra com seus alunos quais os heróis e personalidades negras e indígenas da nossa história. Ensine para os seus alunos palavras, curiosidades, costumes, que sejam herança dos povos africanos e indígenas. Por exemplo: a rede de descanso foi inventada pelos índios. Quer coisa melhor? E o hábito de tomar banho diariamente? Dos índios! O europeu achava que tomar banho demais fazia mal para a saúde. Dos índios também herdamos alimentos básicos da culinária, como a mandioca, o milho e o pirão; na música, instrumentos como flautas e chocalhos. E qual a sabedoria dos pajés? Qual a forma de ver o mundo dos indígenas que faz parte do jeito de ser do brasileiro? É uma boa reflexão.

Dos africanos temos a herança da capoeira, seu gingado, seus ritmos apreciados no mundo todo. Vamos lembrar algumas palavras de origem afro-brasileira que vocês conhecem bem: marimbondo, cochilo, samba, maxixe, zabumba. Sem nos esquecer da importância que trouxeram para a nossa alimentação: paçoca, feijoada, bolo de fubá, acarajé, vatapá. Podemos falar também da história de resistência e conquista de direitos do povo negro no Brasil e na participação dos negros na ciência, na política e na religião do nosso país. Com certeza esse exercício vai despertar a curiosidade dos alunos.

Existem muitas diferenças entre a cultura indígena e a cultura africana, mas também há muitas semelhanças entre elas. Por exemplo: ambas valorizam a presença de crianças, jovens, adultos e idosos em todos os processos sociais; preservam a natureza e tiram seu sustento dela. As histórias e culturas também são passadas, oralmente, de geração em geração.

Já reparou na forma como você usa o cabelo, faz comida, enfeita a casa, toca um instrumento, toma algum chá quando está doente? Tudo isso pode estar ligado ao que os povos indígenas e africanos deixaram como parte da cultura deles. Por exemplo: trançar o cabelo; usar cerâmica e cestas na decoração; tocar flauta, pandeiro e berimbau; ferver ervas para curar gripes e dores musculares... São coisas que aprendemos com os índios e os negros. Essa diversidade enriquece a cultura brasileira.

No Brasil, existem leis que obrigam as escolas a trabalhar a história e a cultura afro-brasileira, africana e indígena em todas as séries, a fim de valorizar a diversidade e acabar com preconceitos. E por que muitas vezes essas leis não são seguidas? Principalmente porque, em muitos municípios, os professores não têm acesso ao material necessário, ou não sabem dessa informação, já que eles próprios não viram esse conteúdo na escola. Atenção, estudante: cobre dos diretores e professores que o tema seja levado para a sala de aula. Você também pode sugerir alguma atividade que envolva o assunto.

Você sabia que existe um dia dedicado à memória dos povos indígenas, e outro aos negros? No dia 19 de abril comemoramos o Dia do Índio, e no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra. São datas importantes no calendário nacional, mas isso não significa que temos somente essas datas para lembrar e trabalhar o tema da cultura afro-indígena. Ela está presente no nosso dia-a-dia.
Independente da raça, etnia ou cor da pele, as crianças e os adolescentes devem ser estimulados a reconhecer, respeitar e valorizar as identidades culturais. Assim, podem se orgulhar da cultura do município e das raízes indígenas e africanas que tornaram a cultura brasileira tão bonita e apreciada pelo mundo afora!

A nossa herança é muito importante, e saber de onde ela veio e como isso interfere nas atitudes culturais, religiosas e sociais do município ajuda a entender o lugar em que vivemos hoje. A forma de falar, celebrar, brincar, comer, tratar a natureza, tudo isso tem influência dos índios e dos negros. E você pode ajudar a divulgar essas culturas! Procure o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente ou a prefeitura e veja se já existem propostas que valorizem a cultura indígena e negra. Festas, teatros, palestras, exposições e muitas outras atividades podem ser elaboradas.

Como é a presença da cultura indígena na sua cidade? E da cultura negra? Com certeza, elas existem. Converse com pessoas mais velhas do local onde você mora. Elas podem contar a história do município e quais são as etnias que influenciam a população. A memória cultural de uma localidade é o maior bem que ela possui. A escola pode trabalhar um projeto de resgate dessa história e, você, adolescente, pode ajudar. Participe!

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